Design significa, etimologicamente, projeto.
atividade começou a evoluir após a revolução industrial.
No começo, a preocupação era com a produção.
Não havia nenhuma concorrência. Com o tempo as indústrias começaram a se firmar.
No entanto o produto final delas era praticamente o mesmo.
Por conta disso, era a tradição contava na hora da escolha do produto.
A partir do momento em que o consumidor passou a ter opções de escolha, a estética e funcionalidade do produto começaram a ser trabalhadas. Assim, o design se transformou em uma ferramenta de diferenciação entre as empresas, aliado a outras atividades como o marketing.
O empresário pode então se questionar: sim, mas quais as vantagens da aplicação do design nas empresa? É preciso entender que, para que uma empresa obtenha sucesso, é necessário que o produto ou serviço oferecido, seja bem recebido pelo consumidor-cliente.
O desafio do empresário, de grandes, médias e pequenas empresas, é conquistar a confiança do seu público.
Uma das estratégias para alavancar as vendas e manter as empresas no mercado é a agregação de valor aos produtos ou serviços prestados.
“O Design é uma das ferramentas que tem sido utilizada para agregar valor aos produtos e serviços, auxiliando na conquista de novos mercados.
O Design auxilia na melhoria de aspectos funcionais, ergonômicos e visuais dos produtos, buscando além de atender as necessidades dos consumidores, melhorar o conforto, a segurança e a satisfação dos usuários.
As empresas que já se utilizam desta ferramenta, têm obtido resultados positivos na introdução de diferenciações nos produtos e têm conseguido se destacar perante seus concorrentes.”
Agregar valor, neste caso, é trazer junto às funções básicas do produto ou serviço, características que venham a somar benefício e trazer conforto ao cliente.
As casas lotéricas, por exemplo, serviam apenas para jogos e, alguns meses após as instalações, passaram a receber pagamentos de contas de telefone, de energia entre outras.
O diretor-presidente do Sebrae, Paulo Tarciso Okamotto, mostra dados relevantes que explicitam a importância da interferência dessa atividade nas empresas: “Pesquisa da Open University na Inglaterra, com 221 pequenas empresas, mostrou resultados importantes: em 90% dos casos, elas obtiveram lucros com o novo design, registrando retorno do capital investido em 15 meses; ampliaram em 40% as vendas pelas modificações no design dos produtos; 25% dos projetos abriram novos mercados para os produtos dessas empresas.No caso brasileiro, pesquisa da CNI, a Confederação Nacional da Indústria, em 500 empresas de diversos setores, revelou que 75% delas obtiveram aumento de vendas em função da utilização do design e 41% reduziram custos de produção.”
Apesar da quantidade de benefícios advinda do design ser significante, apenas os grandes empresários utilizam deste recurso. Os donos das pequenas empresas desconhecem ou têm uma visão deturpada dessa atividade. É importante que o pequeno empresário entenda que design não é meramente estética. Sua ação vai muito mais além do que o conceito de beleza. As soluções encontradas são frutos de estudos e pesquisas realizadas de maneira que venham a se adequar à necessidade da instituição. É um instrumento que pode servir de apoio às empresas de pequeno porte.
Como as pequenas empresas podem se beneficiar dessa atividade? Sabe-se que, atualmente no país, 470 mil micro e pequenas empresas iniciam suas atividades a cada ano, mas 49,4% delas fecham as portas antes de completar dois anos.
Abre-se aqui um espaço para definir pequenas empresas.
De acordo com a OCDE (Organization for Economic Corporation and Development), para ser considerada pequena empresa, o número de funcionários não pode ultrapassar 100.
No Brasil, está valendo a lei 9.317/96, de 5 de dezembro de 1996, que considera “empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).”
A Gestão do Design nas pequenas empresas pode até mesmo ampliar o mercado de atuação de quem contrata esse serviço.
Mas afinal, o que é gestão de design? Segundo o dicionário, a palavra gestão, significa gerir, administrar.
Segundo Luis Emiliano Avendaño, cosultor de design, ela é definida como “o conjunto de atividades de diagnóstico, coordenação, negociação e design que comparecem tanto na atividade de consultoria externa como no âmbito da organização empresarial, interagindo com os setores responsáveis da produção, da programação econômica-financeira e da comercialização, com a finalidade de permitir uma participação ativa do design nas decisões dos produtos.”
Fennemier Gomer, citada em dissertação de Tatiane Shoneweg Melo, a gestão de design “é responsável pelo design, pela implementação, manutenção e constante avaliação de tudo a que se refere a identidade corporativa, desde um panfleto até o uniforme.”
Na Infopaper de dezembro de 2004, foi mostrado o exemplo de uma indústria de móveis de pequeno porte, que resolve investir em gestão de design para dar um padrão a seus produtos. “Com a nova política de planejamento e desenvolvimento, esta empresa teve um ganho de produtividade em torno de 20%, considerando a reestruturação do layout fabril e equipamentos.”
Além disso, houve um aumento de produtividade, alguns processos foram terceirizados e alguns funcionários foram reposicionados de maneira que passaram a receber uma quantia equivalente à atividade exercida.
“Após a conclusão do projeto, o designer ainda pode prestar suporte à indústria para implementação de outras políticas como a Gestão da Qualidade e ISO 9000, Gestão Ambiental e ISO 14000, Selo Verde etc.”
E como é possível criar uma estratégia de design correta para um determinado produto ou serviço? Esta pergunta incomoda boa parte dos profissionais deste setor.
Na verdade, o profissional da área de design deve atuar diretamente ligado à tradição, costumes e preferências de um determinado público-alvo.
O designer trabalha seguindo uma metodologia que inicia com o briefing, a detecção de problemas e passa pela pesquisa de mercado, análise dos concorrentes e da empresa que o contratou até que se gere um conceito e se crie uma proposta.
Qual a solução para a conscientização dos empresários para importância do design? Instituições como o Sebrae, percebendo que o design é uma ferramenta que pode ajudar no processo de sustentação dessas empresas no mercado, criou programas como o Via Design que têm, como objetivo principal, a divulgação dessa área para pequenos empresários e empreendedores.
É possível perceber diante dos dados e depoimentos expostos, que a gestão do design é um ponto a favor do empresário contra a concorrência. Numa sociedade onde a identidade é essencial e o que é diferente chama a atenção, o design pode aparecer como um aliado na batalha para destacar uma empresa no mercado. Se aplicado corretamente, sem déficit em nenhuma das etapas, o retorno adquirido será muito maior do que o esperado.
No caso específico das pequenas empresas que disputam com grandes corporações, a consultoria de design pode ser a chave mestra para sua sobrevivência, solucionando possíveis problemas e destacando os pontos positivos em detrimento aos negativos.
A atuação de instituições como o Sebrae na divulgação da atuação desta profissão é uma solução para sanar o desconhecimento do design por parte dos pequenos empresários.
Roberto S. Reis
Grazielle S. Silva